Foi-se o Tempo

Foi-se o Tempo

Jorge Linhaça

Foi-se meu tempo restou-me a memória

Como um flagelo que não de dá trégua

Conta os retalhos da minha história

Fecha a conta e passa a régua.

Cerra as cortinas dos dias de glória

Hoje distantes bem mais que uma légua

De mim fugindo numa veloz égua

Que se dissipa na bruma irrisória

Passa um cometa, risca o firmamento,

Sou eu passando ao largo do mundo

Pávido brilho de um só momento

Depois mergulho no escuro profundo

Sou a distância, um rastro de vento

Sou a palavra dum poeta mudo.

Salvador, 08 de maio de 2012.