LABIRINTO

Divago nas esquinas da noite cinzenta,
O vento sopra... separa os meus destroços,
Sou um esboço de poema solto na tormenta,
No tempo que levou os momentos tão nossos.

Trago uma angústia que a alma não sustenta,
Dói, corrói, mói, penetra pelos poros, pelos ossos,
Os sons noturnos assustam, as horas passam lentas,
O dia parece não vir... sofro além do que posso?

Do porão da alma essa bruma então, lamento,
Como folha seca, desgarrada me sinto,
Mescla; outono por fora, inverno por dentro.

Pelos meandros da sofreguidão, me movimento,
Perdido nas incertezas do eu labirinto,
Sem sol, sem você, apenas eu; à mercê do vento.


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BRUMAS DA NOITE

Perambulando em sítio cimério
no rosto, o vento sopra e me castiga.
Intrínseco pesar que me fustiga
um misto de tristeza e despautério!

O velho sentimento que litiga,
arrastando o desgosto deletério.
Atira ao vento o som do impropério
porquanto este pesar me desabriga.

E no açoite da velha chibata
que chicoteia, flagela e mata,
posso, enfim sentir tua presença.

Nas brumas dessa noite eu me perco,
buscando fugir deste brusco cerco,
que se formou diante da descrença.

(Milla Pereira)