Eu cantarei de amor tão tristemente...

"Rasga meus versos, crê na eternidade."

Bocage

Eu cantarei de amor tão tristemente,

Com versos tão nefastos, tão turvados,

Que até nos corações mais alegrados;

Cravarei os farpões de amor descrente.

Trarei p'ra cada peito dor demente,

Cantando mil horrores, mil enfados,

Desdita de lembrar dias passados,

Que, quão mais ledos são, mais dor se sente.

De amor eu cantarei males diversos;

E, mesmo o coração com mor negrura,

Terá por acrescido mais um dano.

Oh! leitores incautos de meus versos,

Olvidai todos eles, cada agrura:

São só gritos horrendos dum insano!