APURO
Sumir-se enfim, quando não há em nós
mais esperanças de seguir adiante,
mas entender que, por um breve instante,
de um sonho, pôde revelar-se a voz.
Seguir a luz, a esfera delirante,
tocar o céu, perdê-lo logo após:
– reconhecer que a dor é mais veloz
e a alegria, o tempo de um flagrante.
Depois saber que nada do que passa
pode ferir a nossa irrelevância
ou afastar de nós a velha sina...
A ilusão, desvestir de toda a graça,
ao limbo relegar aquela ânsia;
– promover a tristeza à dor mais fina.
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