A VIDA COMO ELA NÃO É
Em nada é demais nem de menos na vida;
Tudo é quociente daquilo que fazemos,
O que descartarmos no tempo que vivemos
Virá um dia cobrando a história não vivida.
Dos amores, as perdas por intolerâncias,
Dos momentos, o esquecimento do sorriso,
Das emoções, o espelho de um Narciso,
Do simples, o vil desdenhar da importância.
A vida, vau pênsil sobre águas correntes,
Transborda em cheia tal quais chuvas nas enchentes
Às margens pondo tudo quanto recolheu.
Quando finda, ao mar requer a sua nascente
Para buscar o que deixou vaidosamente:
O cristalino que no leito se perdeu.