RELEMBRO-ME
Relembro-me do vestido azul-anil
Das bolinhas brancas de seu traçado
Do jeito do céu da manhã, rodado
Esvoaçante nos ventos de abril.
A calçar os pés da menina infantil
Relembro-me dos chinelos-havaiana
A arrastar pelos campos, jeito cigana
No rosto alvo um sorriso pueril.
Relembro-me dos cabelos sem trança
A franja curtinha, estandarte varonil
Solto ao vento, saudosa lembrança.
E a relembrar-me me vejo essa menina
Num tempo qualquer, aliança hostil
Anos roubados, mas não fujo à sina.