Um retrato
A frase espaça a razão. Descubro no controverso o verso,
o total, o abstrato, o comércio. Num relance atualizado
desterro a espiga castigada pela hora: uma hora, um minuto e um
segundo para desmanchar a brisa que o sol campeia no horizonte.
Encharcado pelo orvalho da lágrima que migra entre a capoeira e a
caminhada. Endosso a cigarra tardia que habita o corpo e a escuridão.
Confesso o passo a passo das folhas murchas pelo vocábulo
que adormeceu o pêssego.
Contemporâneo é a cantiga de roda que ainda circula na memória
do trem de lata, despedaçado pelo contraditório e despido pelo
homem que afunda na assombração.
Do passado que conduz o presente, desperdiço o domingo.
Filtro o rascunho do arroz amontoado pelo diagnóstico do curador:
no mito, no arquétipo, na lenda e na psicologia prolixa da noção. Retrato.