O ESCULTOR E A FACE
De tanto burilar a pedra bruta,tôsca,
Eis que num olhar angustiante paro,
E vejo que a imagem da estátua fôsca
Busca em meu olhar um mesmo reparo.
Corro à marteladas de extremo desgosto,
Enquanto as faíscas brotam fogo no cinzel,
Jogo as pedras brutas,edazientes de rostos,
Todas amontoadas em condenado batel.
Uma a uma se afundam no lago do esquecimento,
E eu,cansado,volto para o fardo do trabalho
Onde penosamente o meu lucro martirizo...
Derramo sobre o meu corpo a mistura de cimento,
E sem saber,na minh´alma,o pecado maior talho;
A indiferença da vida na mudêz do meu sorriso.