Não é uma canção de amor




Falava em outra noite procurando a luz,
fantasma oculto na pintura de Latour,
mas tinha a sombra e sua costumeira cruz,
construídas no espaço por um abajour.

Memórias de tempos se enferrujarão.
Como a chama da vela que fotografei.
Não mais se moverá, gasta de oxidação,
Não será jamais o que enfim imaginei.

Sobre o piano de caixa será mutismo,
calando as notas da partitura banal,
inútil aos poetas, em queda no abismo,

dirá que me consome todo esse seu mal.
Mas como poderei ver, se a luz é pintura,
e no peito, só tem essa imensa feiura?





EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 22/04/2012
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T3627642
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