Soneto Permutável (coroa de sonetos)

Cada soneto abaixo é obtido a partir do anterior fazendo a chave ser o primeiro verso (uma permutação cíclica) apenas mudando a pontuação. Foi uma brincadeira que fiz como "experimento".

1

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado.

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado.

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado.

2

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura.

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura.

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura.

3

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura;

Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado.

4

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura.

5

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado.

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado.

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado.

6

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado,

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura.

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura.

7

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado:

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado.

8

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura.

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado:

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura.

9

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado.

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado.

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado.

10

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura.

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado.

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado;

Cegado pela escura desventura.

11

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado.

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura.

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado.

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Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura.

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura.

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura.

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Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura,

Atado nas lembranças do passado.

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura,

Turvando-se em vapor atro e pesado.

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado.

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Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Arrastando correntes de amargura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Cegado pela escura desventura.

Atado nas lembranças do passado,

Sem esperança e sem qualquer alvura,

Meu fado já se tem por costumado;

Coas tristezas que exalam da negrura.

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Entregando-se todo à vil tortura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Vejo a imagem mais clara de meu fado;

Vagando pela terra em mor tristura.

Soneto-base (seguindo a sugestão do amigo Marco Aurélio)

Vejo a imagem mais clara de meu fado,

Na noite mais tristonha, mais escura,

Tendo cada alvo sonho maculado,

Entregando-se todo à vil tortura.

Turvando-se em vapor atro e pesado,

Coas tristezas que exalam da negrura,

Meu fado já se tem por costumado,

Sem esperança e sem qualquer alvura.

Atado nas lembranças do passado,

Cegado pela escura desventura,

Meu fado já caminha desgraçado,

Arrastando correntes de amargura,

Sem rumo, sem alento, sem dourado,

Vagando pela terra em mor tristura.

PS: Mudei a ordem dos sonetos para melhorar o soneto-base.

Ivan Eugênio da Cunha
Enviado por Ivan Eugênio da Cunha em 22/04/2012
Reeditado em 09/06/2012
Código do texto: T3626291
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