DESVARIO

Neste céu sem estrelas da cidade,

quando o manto noturno se entristece

e no azul não mais cabe a menor prece,

a tristeza me assombra e mais me invade.

Tudo é como se aqui já não houvesse

um sinal de amplidão, de liberdade,

e nos fosse negado esse benesse,

de espantar uma dor que não se evade.

E sem ter o que olhar, o que colher;

esperanças de mundos infinitos,

perco em minha garganta qualquer grito.

É um peso, um ensaio de morrer,

quando a noite me encontra meio louca,

sob a angústia que cala em minha boca.

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