O amor de ninguém

Longe de tudo, perto de ninguém,

como ninguém, eu ando, fico parado,

falo, calo, ouço, vejo e cheiro;

como ninguém, longe de tudo, eu vivo.

Amando mais do que o mundo todo

e precisando do amor para viver,

longe de tudo, eu amo tudo e todos,

longe de todos, eu me apego a tudo.

Mais do que tudo, mais do que ninguém,

eu vivo a vida, eu amo a vida, eu amo,

eu amo o a mor, eu vivo o amor, eu vivo.

Porém sozinho, sem ninguém na vida,

de nada vale o amor, de nada vale;

estando sem ninguém, sou um cativo.

17/02/1978