SONETO
A praça estava cheia. O Condenado
Transpunha nobremente o cadafalso,
Puro de crime, isento de pecado,
Vítima augusta de indelével falso.
E na atitude do Crucificado,
O olhar azul pregado n’amplidão,
Pude rever naquele desgraçado
O drama lutuoso da Paixão.
Quando do algoz cruento o braço alçado
Se dispunha a vibrar sem compaixão
O golpe na cabeça do culpado
Ele, o algoz - o criminoso – então,
Caiu na praça como fulminado
A soluçar: perdão, perdão, perdão.
(Augusto dos Anjos).
RESSURREIÇÃO
E o céu fechou-se escuro n’amplidão
Do mar à terra trêmula de espanto
Regada a sangue e lágrima de um Santo
Que aos seus algozes deu-lhes o perdão.
Feridos pés, as mãos, o coração,
Despido o corpo, viu à sorte o manto;
Santo sudário úmido de pranto,
Sangue e suor na cruz vertendo ao chão.
Não foi a dor maior, a da matéria.
Humana, a dor menor que a dor divina,
N’alma a sofrer tamanha humilhação
Ao ver na vida quão triste miséria,
Jesus na carne já cumprida a sina
Venceu a morte com a ressurreição.
(Hermílio).
A praça estava cheia. O Condenado
Transpunha nobremente o cadafalso,
Puro de crime, isento de pecado,
Vítima augusta de indelével falso.
E na atitude do Crucificado,
O olhar azul pregado n’amplidão,
Pude rever naquele desgraçado
O drama lutuoso da Paixão.
Quando do algoz cruento o braço alçado
Se dispunha a vibrar sem compaixão
O golpe na cabeça do culpado
Ele, o algoz - o criminoso – então,
Caiu na praça como fulminado
A soluçar: perdão, perdão, perdão.
(Augusto dos Anjos).
RESSURREIÇÃO
E o céu fechou-se escuro n’amplidão
Do mar à terra trêmula de espanto
Regada a sangue e lágrima de um Santo
Que aos seus algozes deu-lhes o perdão.
Feridos pés, as mãos, o coração,
Despido o corpo, viu à sorte o manto;
Santo sudário úmido de pranto,
Sangue e suor na cruz vertendo ao chão.
Não foi a dor maior, a da matéria.
Humana, a dor menor que a dor divina,
N’alma a sofrer tamanha humilhação
Ao ver na vida quão triste miséria,
Jesus na carne já cumprida a sina
Venceu a morte com a ressurreição.
(Hermílio).