RUBRO SONETO DA PAIXÃO
Rubra paixão que ascende o desejo. Aproveita o ensejo
Do olhar misterioso que encobre, promessas descobre
Passos lentos a distância cobre. O caminhar desnobre.
Ensaia movimentos em graves arpejos, sutis sobejos.
Rubros lábios abrem- se sedentos. Suaves e desatentos
Sussurram palavras de amor indistinto, num jeito faminto
Tinge-se a face da cor do vinho tinto. Ósculo de absinto
Inebria a alma em doces tormentos, vagos tangimentos.
Rubro sangue que nas veias se inflama, caliente alfama
Esconde a outra face do amor. Um sentimento abrasador
Lava que no corpo ferve e derrama, ascende uma chama.
Transforma em cor a mais louca paixão, rubra sensação
Colore esse soneto, meus toscos versos. Mostram reversos
Do amor ingênuo que ignora a razão, ilude o coração.