Adagio Molto







Que língua morta jaz no silêncio do pó,
enquanto aqui me perco ignorando a fé?
Se apenas ela diz, da criação tão só,
do inevitável risco de ser o que se é.

Eu conheço o distante perfume sutil,
das coisas que já foram embora pra lá,
onde a lembrança guardou meu sonho febril,
e minhas farpas cegas, horas que não há.

Daqui transcrevo a música desse torpor,
Silenciados que estão meu ódio e a dor,
pois mesmo sendo eu a fera que só eu sei,

Entendo a cura da alma que enfim libertei,
Quando o tempo fiz eu parar no coração,
de quem de mim só soube não ser eu a razão.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 16/04/2012
Código do texto: T3616709
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