Inferno

Já meus dias são cheios de tristura;

E, n'atroz negridão, pesada e fria,

Minha mente se turva em nostalgia;

E meu peito flameja em amargura.

Esta dor que devora em chama escura;

Mor se faz na lembrança de que um dia;

Tive, n'alma, esperanças em que cria;

E delas ora sou a sepultura.

O que tem coração despedaçado;

Juntar cada pedaço tem por fado,

Num deserto de treva, andando só.

Mas que fado terei do mal me feito;

Se, no inferno funesto de meu peito,

Ardeu meu coração até ser pó?

Ivan Eugênio da Cunha
Enviado por Ivan Eugênio da Cunha em 16/04/2012
Reeditado em 16/04/2012
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