Santo vazio
Tão oco, o tosco, o santo escaldado
Tão pleno, sereno, em sua existência
De inócuo e oco, tem só a aparência
Na essência é um barroco mui alinhado
Tenta, no buraco da inerte presença
Ser o que não é, um santo pecaminoso
Que mesmo inda sendo tão vergonhoso
Mostra as vergonhas em complacência
Tão perto, tão longe, tão nada... e tudo
Seria melhor, quem sabe, ficar mudo
Na calada da noite já tão purificada
Que santo é? Nem sei agora lhes dizer
Do pau oco, falso, da oração de maldizer
Ou talvez apenas uma alma tão cansada