Chuva de prata
O destino foi bem cruel comigo,
minhas vitórias pôs no esquecimento,
e antes mesmo que fossem pensamento.
Não se pode iludir tanto perigo!
Fui muito tempo só choro e lamento,
buscando em vão por encontrar abrigo,
mil formas de esquivar esse castigo,
ou ter ao menos seu abrandamento.
Mais de uma vez, a ponto da degola,
roguei-lhe a compaixão de alguns desvelos,
como um coelho tirado da cartola.
Fez-se o destino surdo aos meus apelos
e só por consolo me deixou a esmola
desta chuva de prata em meus cabelos.