SONETO DO AMOR VERDADEIRO
Te conheço há tanto tempo, que talvez nem saiba a data
De onde possa partir o vulto da existência boa e próspera
No mais, do além mundo, da fantasia de um dia a fera
Se tornar tão doce e carinhosa com seus dentes de faca
Ou de matar de desejo como se faz quando estás perto
Ou, talvez, matasse, com o prazer de matar a sede sem fim
E talvez ainda mais que vivo possa ser do que é certo
Assim, distante do possível da imprevisão do que não houve
Que detenha-se num aconchegante manto de navalhas que visto
Aproximando-se dos porquês incertos a quem quer que aprouve
Tão real quanto o correr do meu sangue grosso em hemorragia
Que foge, se esvai, percorre o exterior de todo o meu corpo
E desemboca no teu peito que no todo me suga, e jamais sacia...
Graciliano Tolentino
10-04-2012