OLHEI PELA JANELA...
Olhei pela janela. O horizonte está distante!
Hoje não nos falamos. Há silêncio em volta...
Procuro por sua imagem e como, num instante,
A angústia da distância só me traz revolta!
É pouco o que eu tenho, ou mesmo nada tenho!
Uma foto? Um bilhete escrito com palavra amável?
É difícil este silêncio, mas insisto e me contenho
Afinal, ao contrário da distância, ele é suportável!
Que situação inusitada e por demais sofrida!
Queria dizer – tenho – e nada me deu a vida,
A não ser este querer tanto e nada ter enfim!
O cheiro, a textura, o som, a presença, o tato,
Não os tenho! Só um existir obscuro e abstrato
De alguém que escreve que muito ama a mim...