Soneto de um mendigo
Soneto pela memória de um mendigo que andava errante pelas ruas de minha cidade. Morreu no dia 07/04/2012
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*A um mendigo
Aquele olhar absorto (em vã tristura),
Andava num pesar d'Alma isolada.
Num andar arquejante, disfarçada,
A dor era sentida em vil brandura!
Silente pela estrada, em desventura,
Vivia ali deitado na calçada.
A Lua, tão fraterna e tão amada,
Foi seu único amigo, porventura!
Aquele olhar fremente p'r'o vazio...
Aquele andar tão trépido, tão frio...
Escondem o mistério dos mendigos!
Ou talvez fossem só reflexos vis
D'execrável sentir... Pois nos civis
Não via corações em tons amigos!
*Decassílabos no ritmo heroico
08/04/2012