Velório do poema
Um dia farei o velório do poema,
E ainda a vida ímpia vai matar
Na mente toda idéia que não calar
Tornando assim inglório meu dilema.
Quando o fim der seu último fonema,
Minh' alma operária vai largar
O derradeiro lápis de versar
Os meus versos, na véspera da pena.
Os diversos ofícios serão pó.
Ainda uma marcha fúnebre soará
Mesmo que seja na minha mente só.
A mão cansada, trêmula a dar dó,
Vai ter destino inútil: lá será
desta vida um fútil (vão?) presente.