Ofício

Escrever versos é labor e vício,

Mesmo na obra ébria e incorreta

Prevalece a rédea bem discreta

Do bom senso e tédio do suplício.

No dia longo, o tórrido solstício,

Labuta assim a lépida e secreta

Letra: e outra cálida direta

Poesia nasce esquálida do ofício.

Sempre ele surge sôfrego por dor,

Consome a alma lívida, pálida,

Daquele artesão, eterno triste.

O luxo desse vão trabalhador,

É ter naquela mão quase inválida,

Um pedaço de lápis, sempre em riste.

Dianaluz
Enviado por Dianaluz em 26/01/2007
Reeditado em 26/01/2007
Código do texto: T359930
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