AVE MUTILADA

Quando me soube em ave mutilada,

perdido, sem as asas do teu colo,

vazio, sufocado em mar de nada,

ferido no sinistro em que me assolo...

Eu congelei meu passo, caminhada,

cobri meu trilho em seco, infértil solo

e minha vida, à farsa trespassada,

cravou-me o dia à noite deste dolo.

Definho-me sem voos, eu me aleijo,

faminto das essências de teu beijo,

sedento de teu bálsamo, aura pura!

Pois a ave que privaste dos adejos

por entre teus recantos de desejos,

só vive se em teu céu, à plena altura.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 07/04/2012
Código do texto: T3598850
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