SONETO DO VELHINHO
Querida amiga, eu fiquei velhinho,
E tão velhinho que não presto mais.
Foram-se o sonho, o amor e os cabedais.
Do que mais gosto só ficou o vinho!
A cada dia mais pequenininho
A cada instante entre gemidos e ais.
Mais desencanto, menos luz e paz,
E menos algodão, e menos linho.
É muito bom viver, mas causa um medo!
A solidão travanca, acorda cedo,
E lentamente arrastas-me o chinelo.
Está à minha mesa e em minha cama,
Tristonha e impaciente me reclama,
Tremo de medo a me espiar no espelho...
15-08.2011