OCASO NO MAR
Desce o ocaso no mar! O sol, vermelho raio,
risca no espelho verde em sangue e luz tremente,
como se recortasse as réstias do ocidente
para entrançar, de fogo, um recurvo balaio!
Num bando brincalhão e alegre - cai! - Não caio! -,
as gaivotas voando. O coração da gente
como que canta e chora àquele som plangente,
vai pelo espaço azul em cismas e desmaio.
Agora morre o sol. Quando nos foge à vista,
vêem os raios subindo em roxo de ametista,
pintam, retocam, põem a luz em policromo.
E eis a noite chegando. Há silêncio no espaço,
há um palpitar de medo, um listão de embaraço,
cai afinal a treva e eu mal enxergo como...
02.04.93
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