A vida, meu poeta, é movediça,
- areia movediça traiçoeira -
e traz tanta emoção na sua esteira
que o medo de viver, por vezes, viça.
Mas temos que partir de uma premissa:
a vida é boa e passa tão ligeira,
que temos que vivê-la por inteira,
sem medo, sem receios, sem preguiça.
A vida, meu amigo, é frágil rosa,
tem seu perfume, mas também espinho,
que sangra a terna mão que a acaricia.
Se a vida é movediça e caprichosa
vamos sorvê-la como o puro vinho
tragando-a devagar, com maestria.
Brasília, 2 de Abril de 2012.
Livro: CICLOS, pág. 53
Sonetos Selecionados, pg. 91