Ladrões de Sonhos
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Quem me roubou o sonho de alvura casta?
Sonho esse que nutri com bravas rosas
E com papoilas de cores vistosas
Colhidas no seio da campina vasta!
Já a tristura no meu peito engasta
Carvões em brasa, gumes e impiedosas
Aflições nas sombrias e cancerosas
Noites, como em manhã treda, nefasta.
Quem, por tão malvados, sórdidos meios,
Furta a candura dos sonhos alheios
E se esvai em enigmas, como o nevoeiro?
Busco um nome, uma pista ou pegada,
Mas em vão caminho só pela estrada
Em busca do meu sonho derradeiro.