Amputado
 
 
 
 
 
Velhas dores, dores indo desnudas, más e amarelas...
- Dolência sentida nos áureos janeiros, já não a tenho:
Cessou – como o vento pára, como o sangue se congela;
Findou a crença de futuro ideal, o sonho, o empenho...
 
 
Tanto, que me desembarco de cada utopia  que tece
- para cada rumo, só a razão sopita, a razão abraça.
É apropriado viver sem os braços e os olhos e a graça;
razoável não se dispor do dedo, que de tudo se esquece.
 
 
Excelentes os dias que servem ao superável e banal
tronco, paragem de anseios, onde a carne transita
ao reencontro do pão da terra e do licor dos oceanos...
 
 
Melhor sem a palavra escrita num obelisco de cristal,
não  recontar à cotovia a fábula na sala de visita,
nem  jubilar os anjos, nunca lhes revelar os planos.
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 29/03/2012
Código do texto: T3583771
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