Caos
 
 
 
 
 
Conduzo na palma o mundo de barro,
edifico a muralha tijolo por tijolo.
Comprimo a alma da miséria, e escarro
o calo, que o afago sem lugar de pô-lo.
 
 
O renome, não se posterga aos filhos tolos...
Na cela onde me prendo não é minha posse.
E a cidade quadriculada inteira também tosse,
sibila desde a madrugada, ferida em consolos.
 
 
Vizinho recende o mijo e expõe casca de ferida.
O cachorro iça um dedo,  a rua arma a briga
de porrete e estampido, num pragmático rolo.
 
 
Construí o muro sem observatório, meu degredo.
Raio de sol e penumbra de luar me concedo.
Ao caos de fora – rendo a vida –  acendo um olho.
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 29/03/2012
Código do texto: T3583757
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.