Induções
Às vezes meus olhos fitam um cenário vago
e, morosos, contemplam o horizonte subjetivo;
brincam numa das evasões nas quais me embriago
sem notar no caminho a dor colada comigo.
Regressam ao pretérito, extravasam o futuro,
andam à cata de um suspiro reconstrutor,
mesmo iguais a mim, não sabendo se procuro
cumplicidade para a natureza de meu amor.
São horas lânguidas de se tributar saudade
de um viver finito, de pungente sentença,
como se a vida fosse artifício de intromissão.
Como se agora eu me amparasse numa conclusão:
um ponto de pausa, minha alma propensa
a esculpir na pedra a rua da eternidade.