Dormindo
Silente adeus num berço de rosas, e só.
Quisera a lágrima cristalina face afora
revigorasse em nós tua risada sonora
e repelisse o frio do entardecer e do pó.
Sofremos e não sabes, enfim, somos sós.
Não vês em nosso vulto quanto despeito,
como se mentíssemos suportar, entre nós,
o vazio de aninharmos os dois no teu leito.
Dormindo... Anjo em brumas, inerte ao vento,
insensível ante o domínio do pranto sem voz
- sem o beijo de que agora dormirias muito...
Dormindo... Cálida no vasto vigor do tempo.
Entre as pessoas, nada ouço falar de nós;
jamais nos saberão mortos os sonhos juntos.