DANTESCO

Havia monstros azuis incandescentes

e outros vermelhos, girando ao meu redor.

Havia dor, muita dor, nesse ambiente,

de um tipo tal que não deve haver pior.

E a luz perfeita de um céu indiferente

a incidir sobre a pedra do altar-mor.

Era o inferno de Dante à minha frente?

Era pior que eu pensara e bem maior.

Tornava em bênção a pena mais temida

e a sujeição pela espera, num suplício.

– Seguir sem fim, condição da própria vida!

Como sofrer fosse um fardo vitalício

e aquele horror – um fantasma suicida –

uma cilada na estrada, um precipício.

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