RETROSPECTIVA
Fizera-se personagem de fábula sertaneja,
na vida de adornos rústicos, recolhido ali
- no bel-prazer da sina, servido na bandeja
em vôos de borboleta e cantos de bem-te-vi.
Galopara nos pastos em repasse de novilhas;
arara o chão e na terra plantara sementes;
correra desnudo e descalço por matarias;
rasgara o lameiro, transpusera enchentes;
girara risonho o sarilho do poço profundo;
entregara o leite da manhã para a freguesia;
e tocara a escola – o sonho, a ressaca...
Nessa candura de uma vida prosaica
tudo possuíra; entretanto, por um dia,
deslumbrara-se ante a amplidão do mundo.