"DESESPERO TOTAL"
Eu só ando na calçada, pois não sou nenhum carro,
E além do mais, eu tenho muita disposição.
Eu também não ando no asfalto, só no barro,
Mas, o maior barato é estar na contramão.
Eu faço do palco meu espaço, sem engano,
Lugar de minha exaustiva profissão.
Eu também faço do atropelo humano
A fonte de minha inspiração.
Eu só tenho amigos da alta e mais nobre sociedade,
Pois a pobreza nunca abre porta alguma,
Como também me apraz ser juiz ou promotor.
Tudo o que faço e penso está dentro da racionalidade,
Pois todo ser vivente jamais é coisa nenhuma
Se tenta ser coerente com o que está a seu dispor.
(ARO. 1995)