Gênese
Abrupto, pulsa um mal incontinenti:
silhueta de mágoa e desejo – dilema,
uma escultura! E extraí-lo da mente,
é sexual convertê-lo em poema.
Espontâneo – lateja efervescente
vulcão – soberbo em púbere sistema.
Manifesta-se viril, obtuso e congruente;
eruptivo, fomenta o beijo e queima.
Porém, ovula o papel letras pequenas.
Fecundam-se palavras sem mãe nem pai
- inconseqüentes embriões – nesse quarto.
Surgem a estrutura, o relevo, a cena...
A idéia cristaliza-se, grita e contrai;
a inspiração sublima-se, soluça no parto.
Poema integrante do livro "Gênese de Poemas InVersos".