Fertilidade
Dos milharais e da lavoura de arroz
- do limo dos currais e da gema do ovo,
de cada grão fecundo que o plantio depôs -,
ressurgem na terra vestígios de sonho novo.
Do sol, a luz aquecida, a carícia depois...
Dum anseio já se ensaia, no mês de agosto,
o nosso cultivo fantástico da ilusão a dois,
entre uma promessa e um mineral depostos.
Pois é vez de aragem – expectativa do sopro
espreitando ao luar a cama das sementes,
a fértil gravidez (o nosso embrião de amor)!
E a estiva confia o fruto em lugar da flor,
assim o volvendo maduro em olhar cadente
- sublime na germinação do nosso corpo.
Poema integrante do livro "Gênese de Poemas Inversos".