Lágrima (2)

Eu sou a terna lágrima serena
que, suavemente, tange a tua tez
e a beija com carinho e candidez,
como se fora a mais sutil falena

beijando as belas flores dos ipês.
Sou calma, delicada, mas sou plena
- embora cristalina e tão pequena –
na minha solidária placidez.

Eu vivo dentro em ti – no eu profundo –
sou seiva de teu cerne, de teu mundo
que torno, sem querer, desnudo e exposto.

Eu broto nos teus olhos rasos d’água
por conta de alegria, dor ou mágoa
e, a tremular, eu rolo no teu rosto.
 
Brasília, 25 de Março de 2012.
 
Absinto e Mel, página 77
Sonetos selecionados, pg. 118
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 25/03/2012
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T3574454
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