ESCREVO INVERNO
Palavras ásperas, não estando entre aspas,
Dizeres de mim dos quais nada fiz,
Direta despedida à amostra e que me rasga,
Desfaz de mim qual ao apagar de giz.
Insiste coração em restar da ilusão,
Encontrar algum sim em tantos nãos,
Lendo-te com a alma de proposital ignorância,
Pondo para o fim sinônimo de esperança.
Não bastasse a triste e amarga leitura,
Em que, ao chegar à realidade crua,
Busco forças ao ensaiar meus versos.
Mãos a traduzir o embargar da voz,
Lembrando-me, de tudo, o melhor de nós,
Trêmulas, não escrevo sol, apenas inverno.