ENTRE NÓS
Éramos dois, a sós, naquele quarto;
apenas tu e eu e uma certeza:
– a sensação de um tempo em que, já fartos,
as cartas, espalhamos sobre a mesa.
Na mesa eram valores que reparto,
com expressão banal, sem sutileza,
as águas derramadas neste parto,
a dor dessa tortura ainda acesa.
Se enfim eras o filho que eu não tive,
a estrada a desbocar em um declive,
a guerra, desbancando a minha paz;
já eu, enquanto exemplo da desdita,
sentia em mim a culpa – era infinita –
de até não conseguir amar-te mais.
nilzaazzi.blogspot.com.br