JANELAS NAS TARDES IV

Os prédios me olham estáticos e frios.

Com pés fundo plantados, não curvam, não giram;

Rostos quadrados, corpos magros e esguios

Mostram marcas e rugas que os tempos feriram.

Trazem nas queixas os desleixos e abandonos

Doem seus ocos, dores nas colunas, inchaços,

E por maus tratos que dispensam os seus donos

Em meio a tantos sobrepondo os seus terraços.

Alguns calam de vergonha e à escondida

Cerram as janelas por terríveis depressões

Vendo chegar bem pertinho o fim da vida.

Enquanto os mais altos, jovens e colossais

Esnobam brilhos dentre as falsas ilusões,

Porque se esquecem que daí sairão jamais.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 21/03/2012
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