JANELAS NAS TARDES IV
Os prédios me olham estáticos e frios.
Com pés fundo plantados, não curvam, não giram;
Rostos quadrados, corpos magros e esguios
Mostram marcas e rugas que os tempos feriram.
Trazem nas queixas os desleixos e abandonos
Doem seus ocos, dores nas colunas, inchaços,
E por maus tratos que dispensam os seus donos
Em meio a tantos sobrepondo os seus terraços.
Alguns calam de vergonha e à escondida
Cerram as janelas por terríveis depressões
Vendo chegar bem pertinho o fim da vida.
Enquanto os mais altos, jovens e colossais
Esnobam brilhos dentre as falsas ilusões,
Porque se esquecem que daí sairão jamais.