Capa de poeira
Na busca da alavanca de Arquimedes
rumos são remos dos pertencimentos
que antecipam seus próprios movimentos
refletidos no vão vazio das redes.
E os barcos desmaiados, sonolentos,
em cujas mudas bocas rezam sedes,
como as sombras inscritas nas paredes
afogam sensações de abafamentos.
Brotam as madrepérolas de brilho
na imobilidade desse ar sem ventos.
Eu, pelo velho caminho inda trilho
essa capa de poeira dos lamentos
de um cansaço andarilho e maltrapilho
que me coze e remenda os ferimentos.