Capa de poeira

Na busca da alavanca de Arquimedes

rumos são remos dos pertencimentos

que antecipam seus próprios movimentos

refletidos no vão vazio das redes.

E os barcos desmaiados, sonolentos,

em cujas mudas bocas rezam sedes,

como as sombras inscritas nas paredes

afogam sensações de abafamentos.

Brotam as madrepérolas de brilho

na imobilidade desse ar sem ventos.

Eu, pelo velho caminho inda trilho

essa capa de poeira dos lamentos

de um cansaço andarilho e maltrapilho

que me coze e remenda os ferimentos.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 19/03/2012
Código do texto: T3564013
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