BORRALHO

Eu sou uma velha gata borralheira,

Encostada no beiral da velha parede,

Esperando a noite (minha boa conselheira)

Trazer a calma e me balançar a rede.

Só assim posso esperar a madrugada

Para sacudir minha veste pobre e enegrecida,

Receber o dia bonachão em sua gargalhada,

Estendendo-me a mão em alegria convencida.

Espreguiço-me diante dele na preguiça contumaz,

Como uma sombra a procurar um abrigo

No desenrolar da matina entre a luz e a paz.

Fujo da claridade que a mim faz do muito mal.

No borralho da vida sempre procuro um amigo

Para limpar o caminho desse triste cartão postal.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 18/03/2012
Código do texto: T3562007