ALÉM DA PORTA
A cor do céu já é a cor do inverno
e muda o mapa, aos poucos, de aparência.
O vento esfria e o frio parece eterno;
a luz fraqueja, esvai-se indolência.
A noite guarda em sonho a minha essência,
a solidão escura, o mundo interno;
traz a quimera, a dor que ninguém vence
e a confusão das formas mal governo.
Além da porta, além dos velhos muros,
onde andará o meu amor de outrora,
olhos de mar em dias de ressaca?
Vive a lembrança cada vez mais fraca;
na ideia esquiva a busca se demora.
Ó luz noturna, vastos céus escuros!
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