Semente do Passado
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Altas horas na cidade dormente
E em vagas o pensamento divaga.
Como a maré alta investe contra a fraga
Assim eu invisto contra o vil presente
Que do passado triste herdou semente;
Hera que nas entranhas se propaga,
Com folha que lembra aquela adaga
Que o passado me cravou febrilmente.
Nos claustros frios da minh'alma bendita
Há um silêncio embalsamado que grita
Aos céus por ajuda preste e conforto.
Logo, ao render da guarda, o dia
Será um cravo soturno de cor fria
E eu coveiro, assim vivo, assim morto.