Semente do Passado

*

Altas horas na cidade dormente

E em vagas o pensamento divaga.

Como a maré alta investe contra a fraga

Assim eu invisto contra o vil presente

Que do passado triste herdou semente;

Hera que nas entranhas se propaga,

Com folha que lembra aquela adaga

Que o passado me cravou febrilmente.

Nos claustros frios da minh'alma bendita

Há um silêncio embalsamado que grita

Aos céus por ajuda preste e conforto.

Logo, ao render da guarda, o dia

Será um cravo soturno de cor fria

E eu coveiro, assim vivo, assim morto.

Adrianus
Enviado por Adrianus em 17/03/2012
Reeditado em 17/03/2012
Código do texto: T3559134