SONETO 22 DE DEZEMBRO DE 1972

SONETO 22 DE DEZEMBRO DE 1972

Estava eu quase cadáver, mas o frio intenso me acolitou

Minha fuça inflada de pus sorveu-se no meu traumatismo craniano

A lua vespertina desperdiçava sua luz, nova vida me vomitou.

Minha nave foi abatida pela nevoa acobertador do pico soberano...

E o piloto, erro humano, nos Andes expôs-nos em experiência.

A metade partida era nosso iglu, teimava os mortos hipotérmicos

Em cru, compor os carboidratos, nutrientes gordurosos dos mais angélicos.

A antropofagia é esperança de uma colisão inumana de sobrevivência...

E os mortos respirarão aliviados, na vida morta de utilidade

O humano tem valor, só no desespero entendemos seu sabor.

Chamam-nos de canibais! Pouco sabe dos seus deuses de inatividade...

Por meus amigos de rugby açoitei ares rarefeitos, ofegantes avalanches

Que nas ilusões das noites de dia matava-me em diarréia

E se celebras minha sorte,... Seus conceitos estão em apnéia.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 17/03/2012
Código do texto: T3558913
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.