SONETO 22 DE DEZEMBRO DE 1972
SONETO 22 DE DEZEMBRO DE 1972
Estava eu quase cadáver, mas o frio intenso me acolitou
Minha fuça inflada de pus sorveu-se no meu traumatismo craniano
A lua vespertina desperdiçava sua luz, nova vida me vomitou.
Minha nave foi abatida pela nevoa acobertador do pico soberano...
E o piloto, erro humano, nos Andes expôs-nos em experiência.
A metade partida era nosso iglu, teimava os mortos hipotérmicos
Em cru, compor os carboidratos, nutrientes gordurosos dos mais angélicos.
A antropofagia é esperança de uma colisão inumana de sobrevivência...
E os mortos respirarão aliviados, na vida morta de utilidade
O humano tem valor, só no desespero entendemos seu sabor.
Chamam-nos de canibais! Pouco sabe dos seus deuses de inatividade...
Por meus amigos de rugby açoitei ares rarefeitos, ofegantes avalanches
Que nas ilusões das noites de dia matava-me em diarréia
E se celebras minha sorte,... Seus conceitos estão em apnéia.
CHICO DE ARRUDA.