SOMBRIO
 

 
 

 
 
Do meu corpo o sangue que se despoja
(a vida, em refluxo, dele se despeja)
suporta teus pés, e passeias e enojas
da morte real que enfim me desejas.
 
 
Sobre meu ataúde, a lágrima vadia
- o venturoso pranto em filete pela face -
trará a perversa imagem que se irradia
do exótico ritual vindo do teu disfarce.
 
 
 
E, à minha campa – derradeiro olhar -,
desviarás de teu alívio o sopro trivial
de lançar-me rosas mirras do funeral.
 
 
No adeus, notório alvitre de um beijo,
não denegues tua paixão – algum pesar  – ,
quão me previra morto teu sombrio desejo.

 
 
 
Poema recolhido do livro “Gênese de Poemas InVersos”
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 16/03/2012
Código do texto: T3558443
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