Bocas
Boca tão pura a minha,
Aos teus lábios se acolhia,
E no esquecimento sozinha,
Recolhi-me em noite fria.
A frieza que espezinha,
Em outros tempos aprazia
O calor que agora definha
A mente na lembrança vazia.
Boca a tua traidora,
Dos beijos meus tão seus
E inanes quanto fora.
Boca onde unem-se os erros meus
aos de mais uma sonhadora,
Até o tempo de outro adeus.
05/01/2004