VERTENTE

Ai de mim, se não deixar que a poesia escorra,

Qual lava de vulcão, neste meu sofrido peito;

É certo que a minh’alma, de tão triste, morra.

Então, que ela escorra se não há outro jeito.

Ai de mim, se não deixar que o poema invada,

Ruas e calçadas, como as flores na primavera;

É certo que a minh’alma perambule alucinada,

Então, que ela escorra nas lágrimas e quimeras.

É certo que a minh’alma, de tão triste, morra.

Então, se não há outro jeito, que a poesia escorra,

Deste coração, entre espinhos, pedras e flores;

Como uma vertente que forma em mim um rio,

Que seguindo o curso desemboca no mar bravio,

Buscando nas ondas o soro para minhas dores.

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 15/03/2012
Reeditado em 04/04/2022
Código do texto: T3556587
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