A matemática do coração
Herculano Alencar
São tantos batimentos por minuto
que se pode fazer a projeção
de quantos, pela a vida, o coração
há de bater do choro até o luto.
Basta somar os anos que se vão,
multiplicar por dois, talvez por mais
(por conta de extrassístoles banais)
e se há chegar à conclusão.
Mas hoje eu me pergunto: —vale à pena,
do jeito que a vida é tão pequena
em vista de tão grande operação,
ficar a calcular, por tempo incerto,
o quanto há de areia no deserto,
se apenas uma grama enche a mão?